quarta-feira, janeiro 31, 2007

2008, Ano Internacional do Planeta Terra

A ONU decretou o ano de 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra…



Por que necessitamos de um Ano Internacional do Planeta Terra?
Em dezembro de 2004, em inúmeras praias e ilhas do Oceano Índico, morreram cerca de 250.000 pessoas porque os governos dos vários países não compreenderam a necessidade de usarem mais eficazmente nosso conhecimento sobre a Terra. Os geocientistas do mundo todo estão conscientes de que o seu conhecimento sobre o Planeta Terra, que poderia ter, naquele caso, salvo vidas e meios de subsistência, está sendo subutilizado.

O principal objectivo desta iniciativa é a de rentabilizar o conhecimento acumulado por milhares de cientistas em todo o mundo. Dar a conhecê-lo e mostrar a sua importância para o desenvolvimento da Sociedade.

Está subdividido em dois programas, um Científico e outro de Divulgação.

O esforço do Programa Científico será canalizado em 10 temas abrangentes, multidisciplinares e socialmente relevantes: saúde, clima, água subterrânea, oceanos, solos, crosta e núcleo terrestres, (mega) cidades, desastres naturais, recursos naturais e vida. Para cada tema foram produzidas brochuras que podem ser encontradas no endereço http://www.esfs.org e em www.yearofplanetearth.org e através das quais os cientistas de todos os cantos do mundo estão sendo convidados a submeterem propostas voltadas a questões específicas dentro de cada tema.

Uma brochura sobre o Programa de Divulgação está também disponível (em papel e nos endereços acima), na qual são sugeridas várias possibilidades para se chamar a atenção da sociedade para a relevância das Ciências da Terra, incluindo convite para apresentação de propostas do tipo ‘bottom up’ ou ‘grass roots’ similares ao empregado pelo Programa Científico do Ano e o Programa Geocientífico (IGCP) da Unesco, de tanto sucesso.

Cérebro do homem das Flores mostra que é uma espécie nova

Continua a polémica sobre o homem das Flores, um fóssil descoberto em 2003 naquela ilha da Indonésia. Os cientistas australianos e indonésios que o encontraram numa escavação revelaram que era uma nova espécie de humano, que viveu há 18 mil anos.

noticia completa: http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283984

terça-feira, janeiro 30, 2007

Um desafio

http://mais.no.sapo.pt/testeqirio.html

Previsão de alterações climáticas para o próximo século é a pior de sempre

Uma fuga de informação, em relação ao conteúdo do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), que será divulgado em Paris na sexta-feira, traz hoje às páginas do australiano Weekend Australian, as principais conclusões redigidas pelo grupo de elite de cientistas.

De acordo com o jornal australiano, as previsões do IPCC são muito mais negras que as divulgadas há cinco anos, no último relatório do painel. Pela primeira vez os cientistas confirmam um aumento da temperatura global de três graus em cem anos, caso não sejam tomadas medidas eficazes e urgentes no corte das emissões de gases de efeito de estufa.

Em 2001 o painel de cientistas previam aumentos na ordem de 1,4 graus a 5,8 graus até 2100 mas foram depois levados a ajustar essa previsão para resultados entre dois e 4,5 graus.

O IPCC afirma ainda que o nível do mar vai igualmente aumentar, em cem anos, até um metro.

Hoje o PÚBLICO destaca em manchete um estudo da Universidade do Algarve que revela que a subida do nível do mar, fruto das alterações do clima, está a provocar uma acelerada erosão da orla costeira do Algarve e que na Ria Formosa, as conclusões avançadas pelo IPCC para daqui a cem anos já se confirmam: ali o mar avança já um metro por ano diz o estudo dos cientistas algarvios.

in Publico, 30-01-2007

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Marte pode conter reservas de água e dióxido de carbono





O subsolo de Marte poderá conter reservas de água e de dióxido de carbono (CO2) que antigamente faziam parte da sua densa atmosfera, indica um estudo de investigadores europeus publicado hoje na revista "Science".


Os cientistas chegaram a essa conclusão ao constatar, em dados recolhidos pela sonda europeia Mars Express, que só uma pequena parte da atmosfera marciana — desaparecida há 3,5 mil milhões de anos — se dispersou por efeito dos ventos solares.


Stas Barabash, do Instituto Sueco de Física Espacial, e Jean-André Sauv aud, do Centro de Estudos Espaciais das Radiações, em Toulouse, dois dos autores do estudo, determinaram que apenas 0,2 a 4 milibares (unidade de pressão) de CO2 e alguns centímetros de água se perderam no espaço.


Quanto ao que se terá passado com a densa atmosfera de Marte, os investigadores julgam que poderá estar no subsolo do planeta.


Os dois robôs norte-americanos Opportunity e Spirit confirmaram que a atmosfera de Marte conteve água e CO2 num passado distante.


Vários indícios, como depósitos sedimentares, traços de margens e leitos de ribeiros ressequidos testemunham uma intensa actividade hídrica no passado de Marte.


A água no estado líquido desapareceu completamente da superfície do planeta, mas existe sob a forma de vapor de água na sua atmosfera, numa pequena proporção, e no estado sólido, sob a forma de gelo, nas calotes polares e nalgumas crateras.


Pelo facto de essas quantidades serem insuficientes para explicar os traços geológicos observados, os autores do estudo admitem que possam existir grandes extensões de água no subsolo marciano.


in Publico, 26-01-2007

sexta-feira, janeiro 26, 2007

dolphin2

dolphin

A "nossa" última Idade do Gelo...

As eras glaciares também chegaram ao nosso país e existem evidências da sua passagem, quer na Serra do Gerês, quer na Serra da Estrela, revelados pelos relevos tipicamente glaciares.

A última idade do gelo, denominada na Europa por Era Wurm, durou aproximadamente 60000 anos (-70000 e -10000). O seu período mais relevante ocorreu entre 24000–10000 antes da época actual. Terá sido nessa altura que os glaciares moldaram a paisagem no vale de Manteigas.

Em vez da habitual foto do antes e depois...

fica um novo conceito...o agora e o antes (muito antes)...

agora (Dezembro 2006)


antes (muito antes)

Glaciares

O que é?

Um glaciar é uma grande massa de gelo, formada por uma lenta compactação e recristalização de neve, em movimento.


Que tipos de glaciar existem?


Existem dois tipos principais de glaciares:


- os continentais;
Os glaciares continentais, situam-se a latitudes elevadas e ocupam áreas extensas. O gelo destes glaciares é permanente (ex: Antártica e Gronelândia).


Shackleton - Antártica

- os de montanha (também conhecidos como “de vale” ou alpinos);
Estes glaciares encontram-se a grandes altitudes, no cimo de montanhas, confinados a vales (Ex: Alpes, Andes, Himalais, etc.).


Alpes Austríacos

Como se movimentam?


Em contacto com o solo rochoso, mais quente que a massa de gelo, a parte inferior do glaciar começa por derreter formando uma fina camada de água. Essa camada, que se situa entre o glaciar e o solo rochoso, é responsável pela diminuição do atrito e consequente deslizamento da massa de gelo por efeito da gravidade.


Este movimento é lento e provoca grandes alterações no relevo. Em montanha, os vales formados pelos rios, em “V”, adquirem uma forma em “U”.



Vale Glaciário - Manteigas (Serra da Estrela)

No caso dos grandes glaciares continentais, o gelo move-se de uma zona central de acumulação para todas as direcções. O relevo formado por estes glaciares é aplanado. As formas “não aplanadas” evidenciam, entre outras coisas, a estrutura interna do glaciar e as zonas mais resistentes do solo rochoso.




Para saber mais:

EOA Scientific
http://www.eoascientific.com/campus/earth/multimedia/glaciers/view_interactive

Glaciers Online, SuissEduc
http://www.swisseduc.ch/glaciers/


The National Snow and Ice Data Center
http://nsidc.org/glaciers/


Wikipedia
http://en.wikipedia.org/wiki/Glacier

http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_glaciers


quarta-feira, janeiro 24, 2007

Expedição chega a pé pela primeira vez ao centro geográfico da Antártida


Uma equipa de exploradores britânicos e canadianos conseguiu chegar pela primeira vez a pé ao centro geográfico da Antártida, depois de enfrentarem ventos fortes e temperaturas abaixo de zero durante sete semanas. Arrastando trenós de 120 quilogramas, os exploradores percorreram mais de 1.700 quilómetros a pé ou em "kite ski" até atingirem o Pólo da Inacessibilidade da Antártida - o ponto mais afastado de qualquer oceano - a 19 de Janeiro, segundo o site da expedição

Primeiros dinossáurios voadores eram biplanos


Os primeiros dinossáurios voadores tinham dois de pares de asas com penas e planavam de árvore em árvore, de acordo com um estudo publicado ontem nos Estados Unidos. Graças às penas compridas existentes nos membros superiores e inferiores, o Microraptor de quatro asas deixava-se cair do alto e planava, ondulando de árvore em árvore, indica o estudo divulgado numa publicação da Academia norte-americana de Ciências.
Este antepassado do pássaro era capaz de percorrer uma distância de pelo menos 40 metros no ar, com a ajuda dos dois pares de asas. "É provável que o Microraptor tenha inventado o biplano 125 milhões de anos antes dos irmãos Wright, em 1903", escreveu Sankar Chatterjee, da Universidade Técnica de Texas, autor do estudo com o canadiano Jack Tamplin, e que utilizou um simulador em computador para compreender o voo do dinossáurio.
Com 77 centímetros de comprimento, o Microraptor não pesaria mais de um quilo e possuía uma longa cauda com penas que lhe davam mais estabilidade e o ajudavam a controlar a direcção do voo, refere o estudo. As conclusões de Chatterjee e de Tamplin diferem de uma primeira teoria baseada na descoberta de fósseis no norte da China e que afirmava que o Microraptor voava como uma libélula.
Mas a teoria da libélula significa que o Microraptor não teria podido marchar no solo, como fazia, referem.
in Ciência Hoje, 2007-01-23

Estabelecido novo recorde sul-americano de profundidade em cavernas


Brandt transpõe lance vertical (foto Lorenzo Epis)


Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SB) e da ONG Akakor Geographical Exploring estabeleceram um novo recorde sul-americano de profundidade em caverna e recorde mundial em rocha quartzífera durante a expedição ao interior da Amazónia. A descoberta do Abismo Guy Collet (AM-3), como foi baptizado pelos exploradores da expedição ítalo-brasileira, com seus 670,6 metros de desnível, foi divulgada em Dezembro passado no periódico InformAtivo SBE nº92 e registada no Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil (CNC), atendendo às recomendações para expedições estrangeiras no Brasil da SBE.

2007-01-23
Por Marcelo Augusto Rasteiro
Sociedade Brasileira de Espeleologia


Notícia completa: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=17417&op=all

Sócrates debate alterações climáticas

O primeiro-ministro, José Sócrates, escolheu as alterações climáticas para tema do debate mensal da Assembleia da República hoje, quarta-feira.

Glaciares dos Alpes correm o risco de desaparecer

A maioria dos glaciares dos Alpes desaparecerá até 2050, declararam hoje vários cientistas numa conferência sobre alterações climáticas realizada em Viena.

Os cientistas baseiam os seus cálculos em provas de degelo lento, mas constante, nas camadas de gelo continental da região.

Os glaciares da província alpina austríaca do Tirol têm vindo a encolher cerca de três por cento por ano, o que significa que a sua massa baixa anualmente cerca de um metro, segundo Ronald Psenner, do Instituto para a Ecologia da Universidade de Innsbruck.

"Como a densidade média dos glaciares nos Alpes é de 30 metros, parece bastante certo que já não existirão glaciares em 2050, a não ser os poucos situados acima dos quatro mil metros", disse o especialista.

"O futuro parece bastante líquido", acrescentou.

Os peritos exortaram à tomada de medidas preventivas para proteger os residentes nos vales alpinos, que poderão enfrentar riscos acrescidos de cheias perigosas.

in Publico, 22-01-2007

terça-feira, janeiro 23, 2007

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS um problema inconveniente

Título do Público de hoje, que aborda o discurso que George W. Bush tem preparado para hoje, para o Estado da União, os seus antecedentes e os catalizadores desta, aparente, mudança.

Digo aparente porque me recordo de um outro discurso, também para o Estado da União, nas vésperas dos ataques ao Iraque (porque seria?). Aparente porque ainda há dias surgiram notícias sobre a intenção de explorar os recursos petrolíferos do Alasca, em plena reserva ecológica. Aparente porque, ao que tudo indica, uma tal senhora Clinton está na corrida para a Presidência, apoiada por dez grandes empresas energéticas. Aparente pela inconveniência do documentário do seu antigo opositor Al Gore.

Este senhor Bush faz-me lembrar aqueles miúdos que querem os brinquedos todos. Quando se apercebe que não tem ninguém para brincar, começa a querer oferecer... Aparentemente já vem tarde, a inteligência dos outros "miúdos" teve de ser desenvolvida para criar novos "brinquedos" e não creio que alguém queira ouvir este novo discurso de mudança. O povo desconfia, eu desconfiava...

Público:
Alterações Climáticas
Estratégia de George W. Bush
Novo relatório global

segunda-feira, janeiro 22, 2007

As dunas já não são como divãs, são coisas muito, muito mais caras

Educação
por Carlos Moreira Cruz (Professor Adjunto Equiparado do Departamento de CMD da ESE de Setúbal)
28-12-2006

As dunas já não são como divãs, são coisas muito, muito mais caras.

Neste mês fomos apanhados de surpresa pela notícia de que o oceano estava prestes a invadir o litoral de São João de Caparica, na freguesia da Costa de Caparica (Almada). Uns culparam o aquecimento global e a consequente elevação do nível médio das águas do mar, outros a falta de recarga de sedimentos do rio Tejo, devido à construção das barragens, outros ainda lembraram que a ocupação do nosso litoral não pode contrariar a tendência natural: a criação de uma espécie de baía na zona litoral da Costa de Caparica.
Tudo verdade, mas omitiu-se uma coisa importante. É que, desde meados dos anos 80, uma empresa de construção, proprietária da quase totalidade dos terrenos entre a Cova do Vapor e São João de Caparica, vedou as suas propriedades, incluindo caminhos públicos com séculos – tudo ilegal mas tudo consentido -, destruiu grande parte das dunas já quase mortas (vários estudos o referiam) – com autorização, suponho - para construir parques de estacionamento, e, mais tarde, fez grandes movimentações de terras na própria praia (?).

Ora dunas e praias são organicamente a mesma coisa. Para termos praias temos de ter dunas. Se destruímos as dunas destruímos as praias, se destruímos as praias destruímos as dunas. É de admirar que as dunas tenham sido quase submersas, depois de “comido” o areal?

Agora vamos a custos. Em meados dos anos 90 o preço de uma intervenção na praia para aumentar o areal ficava-se por um milhão de euros (200 mil contos em moeda antiga). Agora para resolver a situação tem que se gastar 10 a 15 vezes mais. E, ainda por cima, além de se tratar de uma intervenção cara e difícil, os resultados são relativamente imprevisíveis.

artigo em: Setubal na Rede

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Geologia de Campo (IV)

Dobra redobrada. Grupo do Dalradiano, Ilha de Achill, Irlanda.

Resultados dos Projectos SIAM e CLIMAT II serão apresentados no dia 22


Os primeiros resultados dos projectos SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures) e CLIMAAT II (Clima e Meteorologia dos Arquipélagos Atlânticos) vão ser apresentados em Lisboa no dia 22. O cenário não é animador: «Nas próximas décadas, Portugal vai assistir a uma cada vez maior assimetria sazonal de disponibilidade hídrica, a uma redução do escoamento médio anual de água na Primavera, Verão e Outono, e à cada vez maior concentração de chuva no Inverno, facto que indicia um aumento do fenómeno das cheias nos próximos anos».

Os impactos das alterações climáticas sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos em Portugal continenatl e na Madeira serão apresentados na 6ª Conferência de Ambiente do Instituto Superior Técnico (IST) em que participam Luís Ribeiro (IST), Rodrigo Oliveira e Luís Veiga da Cunha, ambos da Universidade Nova de Lisboa, e Filipe Duarte Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O Painel Internacional sobre Alterações Climáticas prevê um aumento da temperatura média do ar entre 0,8°C e 2,6°C em 2050, e entre 1,4°C e 5,8°C em 2100. Na Europa meridional este aumento será particularmente pronunciado no Verão, esperando-se um aquecimento com uma taxa de crescimento dupla da do norte da Europa. A precipitação média anual na Europa meridional pode decrescer ligeiramente a uma taxa máxima de 1% por década. Além disso, esperam-se alterações sazonais importantes. Os Invernos deverão tornar-se mais húmidos, com um aumento de precipitação de 1% a 4% por década, enquanto os Verões deverão tornar-se mais secos, com uma redução de cerca de 5% por década.

Em relação a Portugal prevê-se ainda que a degradação dos ecossistemas se vai acentuar e que será uma realidade o rebaixamento dos níveis freáticos e a perda significativa da qualidade da água.

in Ciência Hoje, 2007-01-16

"O FIM DO MUNDO. ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS DA TERRA DO FOGO"

24 de Janeiro, às 13 horas,
sala 2.12 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

A Terra do Fogo, situada entre os 52º- 55ºS e 65º-73º W, é composta por um conjunto de ilhas a Sul do Estreito de Magalhães, de onde se destaca a Ilha Grande da Terra do Fogo. O seu posicionamento em latitude e o facto de ser atravessada por um contacto tectónico de primeira ordem, entre as placas Sul Americana e da Scotia, marcam a paisagem de toda a região. Este seminário tem como objectivo a divulgação das características gerais da Terra do Fogo Argentina e dos estudos que actualmente têm sido realizados pelo Centro Austral de Investigações Científicas (CADIC-CONICET) e Universidade Nacional de la Patagonia. O limite de placas, conhecido como falha Magalhães-Fagnano, divide a Ilha Grande em dois sectores: a área Norte, é caracterizada por materiais de origem marinha, onde se podem observar relevos pouco acidentados e alguns terraços testemunhando um posicionamento da linha de costa diferente do actual; e a área Sul, composta por rochas plutónicas e metamórficas, onde fenómenos de compressão formam os Andes Fueginos, condicionando toda a dinâmica geomorfológica local. As glaciações são outro dos condicionantes da morfologia regional, com vestígios de ciclos glaciares e periglaciários e glaciares de montanha activos nas áreas mais elevadas a Sul. Apesar dos inúmeros vestígios, não é claro o limite e idade de muitas das formas, pelo que têm sido testadas diversas metodologias de datação, desde a termoluminescência e idades radio-carbono até à liquenometria para tentar reconstituir a extensão dos vários ciclos glaciares. A análise de blocos erráticos e sondagens em turfeiras muito têm contribuído para a evolução destes estudos. No que diz respeito à dinâmica tectónica, também esta tem sido estudada, persistindo dúvidas acerca da importância da compressão e da isostasia na geração do relevo. No entanto, uma monitorização com GPS revela que a placa Scotia se desloca, em termos médios 2-3 mm/ano, para Este em relação à placa Sul Americana.


Centro de Estudos Geograficos - Universidade de Lisboa Faculdade de Letras,
Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa, Portugal

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Fórum Portugal Pós-Quioto

Como 2012 e o fim do protocolo de Quioto se aproximam, a Conferência Inaugural do Fórum Português Pós-Quioto a realizar no último dia deste mês na Gulbenkian tem em vista a participatação da sociedade civil em todo o processo que conduzirá à adopção de novas metas de limitação ou redução das emissões de Gases de Efeito de Estura.

A Conferência Inaugural do Fórum Português Pós-Quioto, realiza-se no dia 31 de Janeiro de 2007, às 9h30, na Sala 1 da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian . A assistência à conferência está limitada à capacidade da sala, pelo que a inscrição gratuita deverá ser efectuada até ao dia 26 de Janeiro de 2007.

Mais informações aqui e o programa aqui.

Geologia de Campo (IV)

No Mar: Sicília - Golfo de Cádis

O contraste!





Hidratos de Metano, Gelo que arde! O líquido escuro é petróleo!



Os amigos que sempre nos acompanham!






O ritual de fim de dia!





Urânio enriquecido

"Urânio enriquecido". Já todos ouvimos falar desta designação. Ontem enquanto lia um livro sobre a Terra (A Agonia da Terra, Hubert Reeves), no qual são apresentadas e discutidas as diversas energias alternativas, apareceu a meio do texto este termo sem estar explicado. Ora, deparei-me com o problema de não saber exactamente o que este termo significava, pelo que fui procurar. Partilho aqui a definição que encontrei:

O termo combustível nuclear é comummente empregado para designar o material que pode sofrer fissão nuclear. O dióxido de urânio (UO2) é matéria-prima para fabricação do combustível nuclear nos reactores nucleares. Este óxido é muito pobre em urânio físsil (235U92), isto é que pode sofrer fissão nuclear. Apenas 0,7% dos átomos de urânio presentes nesse óxido são (235U92); os 99,3% restantes são de (238U92), não-físsil. Assim, é necessário um novo tratamento para separar o isótopo físsil do isótopo não-físsil. Este tratamento é conhecido como enriquecimento do urânio.
Um dos processos para realizá-lo consiste em transformar o dióxido de urânio no gás hexafluoreto de urânio (UF6) e fazer este gás difundir-se por placas porosas. Com isso, consegue-se separar o (235UF6) do (238UF6).
Em seguida, o gás hexafluoreto de urânio enriquecido volta a ser convertido em dióxido de urânio. Este óxido é o que constituirá finalmente o combustível nuclear.

Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Ur%C3%A2nio_enriquecido"

Espero em breve escrever alguns posts acerca desta temática (energias alternativas), por enquanto ainda estou na fase de estudo, pelo que reservo o direito de não emitir juízos de valor acerca do tema.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

UM BURACO NEGRO OUSADO



Os astrónomos descobriram um buraco negro no interior de um enxame globular deestrelas, local onde poucos pensavam que um destes objectos pudesse existir.Esta descoberta traz grandes implicações para a compreensão da dinâmica dosenxames estelares assim como para a hipótese da existência de uma nova classede buracos negros designados por "buracos negros de massa intermédia".

Os enxames globulares são conjuntos densos de milhares ou milhões de estrelasvelhas e, até à data, muitos cientistas duvidavam que um buraco negro pudesseexistir num ambiente tão exclusivo. Simulações em computador mostram que umburaco negro recém-formado seria atraído para o centro do enxame de estrelas.Após pouco tempo, este objecto seria catapultado para fora do enxame por acçãode forças gravíticas devido à interacção com as míriades de estrelas.

A nova descoberta fornece a primeira evidência convincente de que um buraconegro pode residir e crescer num enxame globular.Esta descoberta foi uma surpresa total que deixou os astrónomos bastantesurpreendidos. Já há algum tempo que se estava a preparar a observaçãosistemática de milhares de enxames globulares na esperança de neles seencontrar um buraco negro. O que não estava previsto era que no início dapesquisa, logo no segundo enxame observado, o objecto que se procurava fosseencontrado.

Existem duas grandes classes de buracos negros: buracos negros de grande massae de "massa estelar". Na primeira classe de buracos negros, cada um destesobjectos contém a massa de milhões ou de milhares de milhões de sóis. Estesobjectos são encontrados no centro da maioria das galáxias, incluindo aVia-Láctea. Um quasar é uma das espécies de buracos negros de grande massa.Na segunda classe de buracos negros, estes objectos contêm a massa de cerca de10 sóis e são criados pelo colapso do núcleo de estrelas de grande massa.Pensa-se que a nossa galáxia contém milhões de buracos negros deste tipo. (...)

notícia completa em: http://www.oal.ul.pt/astronovas/index.html

Geologia de Campo (III)


Gordo Megabed slump, região de Almeria, Béticas, Espanha.

Português entre cientistas que revelam evolução morfológica dos primeiros europeus


O crânio foi encontrado no Sudoeste da Roménia



Os primeiros seres humanos modernos que chegaram da Africa há 40 mil anos continuaram a evoluir através do contacto com os Neandertais, revelou um estudo elaborado por vários cientistas, entre eles um investigador português da Universidade de Lisboa.

O estudo, publicado hoje na revista "Proceedings of the National Academy of Sciencies", foi elaborado por um grupo de cientistas europeus e norte-americanos, entre os quais o arqueólogo português João Zilhão, professor do Departamento de Arqueologia da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e professor auxiliar do Instituto de Arqueologia da Universidade de Lisboa.

Os cientistas compararam os traços físicos nos restos de crânios dos primeiros seres humanos modernos, encontrados em 2003 na caverna "Petera Cu Oase", no Sudoeste da Roménia, com outras amostras do mesmo período Plistocénico.

Segundo o estudo, as diferenças entre os crânios sugerem "uma complexa dinâmica demográfica, à medida que os seres humanos modernos se dispersavam na Europa".

O estudo indica que os fósseis comparados - fragmentos cranianos e de uma mandíbula - têm mais ou menos a mesma idade (35 mil a 40.500 anos, respectivamente) e constituem o conjunto craniano do ser humano moderno mas antigo jamais encontrado na Europa, assim como a melhor prova da sua aparência física. (...)

in Publico, 15-01-2007

Texto completo: http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1282544

Cortes orçamentais ameaçam capacidade dos EUA na previsão de fenómenos climáticos extremos

A capacidade norte-americana para prever fenómenos climáticos extremos como furacões, seca e alterações climáticas no geral está diminuida devido aos cortes orçamentais no programa de monitorização por satélite do clima e no atraso do lançamento de novos projectos, da responsabilidade da NASA, a agência espacial norte-americana.

Esta conclusão é da responsabilidade da Academia Nacional de Ciências dos EUA, que, após um estudo de dois anos, divulgado ontem e noticiado hoje no diário Washington Post, verificou que o orçamento para investigação científica da NASA decresceu 30 por cento desde 2000. O relatório afirma que o decréscimo começou quando foi tornada pública a atenção da administração Bush de investir nas missões tripuladas à Lua e a Marte.

Mas os cortes não afectam só a investigação na área do clima na NASA. Também a NOAA, a agência norte-americana para o estudo dos oceanos e clima viu o seu orçamento diminuido e inúmeros projectos adiados ou mesmo cancelados.

O resultado destes cortes, diz a Academia Nacional de Ciencias, é a incapacidade para apurar informação científica para fazer a previsão de fenómenos climáticos extremos: "Estes cortes são muito perturbadores da actividade das agências nesta área, numa altura em que precisamos mais do que nunca desta informação", disse ao Washington Post Berrien Moore III, da Universidade de New Hampshire, coordenador do relatório.

Segundo a NOAA, 2006 foi o ano mais quente de sempre nos EUA. Tanto a NOAA como a NASA vão agora analisar este estudo para rever as suas prioridades para os próximos dez anos.

in Publico, 16-01-2007

domingo, janeiro 14, 2007

Fósseis confirmam que homens modernos já estavam na Europa há 45 mil anos

Os humanos modernos saíram de África e chegaram à Europa, pelo menos, há 45 mil anos, afirma um estudo de uma equipa internacional coordenada pela Academia Russa de Ciências e pela Universidade do Colorado, em Boulder.

As conclusões basearam-se na análise de pedras, ossos e utensílios encontrados debaixo de antiga cinza vulcânica em Kostenki, nas margens do rio Don, na Rússia, disse John Hoffecker, da Universidade do Colorado, em comunicado no site da instituição.

Naquele local, onde os cientistas acreditam ter encontrado os primeiros vestígios do homem moderno na Europa, foram também identificadas conchas perfuradas e marfim gravado que poderá representar uma pequena fugira humana. Esta será a primeira peça de arte figurativa do mundo, segundo John Hoffecker.

“A grande surpresa é a presença tão antiga de homens modernos num dos locais mais frios e secos na Europa”, acrescentou. “Este é um dos últimos locais que esperaríamos ver ocupados por quem viesse de África”.

“Ao contrário dos Neandertais, os humanos modernos tinham a capacidade para criar novas técnicas para se adaptarem aos climas frios e à escassez de alimentos”, disse o investigador. “Os Neandertais, que terão ocupado a Europa ao longo de mais de 200 mil anos, parecem ter deixado a porta aberta para os humanos modernos”.

Os resultados da investigação – que envolveu 15 cientistas - são publicados na edição de hoje da revista “Science”.

in Público, 12/01/2007

Aquecimento Global e desinformação



Sendo o aquecimento global um problema cujas soluções acarretam, á primeira vista, a adopção de medidas que possam impor limites à actividade de económica de algumas grandes corporações, seria à partida de esperar uma reacção das mesmas.

Mesmo assim não consegui deixar de ficar surpreso quando li no Guardian uma coluna do jornalista George Monbiot em que este publicava informação desenvolvida no seu livro "Heat" acerca de como a ExxonMobil andava a financiar a divulgação de desinformação acerca deste assunto, usando as mesmas "instituições científicas" criadas pelas tabaqueiras para semear a dúvida acerca dos malefícios do tabaco.

Já este ano a Union of Concerned Scientists divulgou um relatório (disponível em pdf) sobre a campanha de desinformação da ExxonMobil que envolveu o pagamento de mais de 16 000 000 $ entre 1998 e 2005 a várias organizações que publicam material que procura deliberadamente lançar a dúvida sobre a veracidade ou a natureza antropogénica das recentes alterações climáticas publicitando factos já há muito tempo desacreditados como verdadeiros , chegando até a apresentar publicações com aparência de revistas científicas "peer-reviewed" e a usar o seu acesso privilegiado à administração Bush para ajustar as suas políticas científicas e comunicados governamentais de forma a melhor servir os seus interesses.

É claro que a ExxonMobil já se defendeu, alegando ser essa a sua maneira de contribuir para o debate científico. Ora bem, com contribuições destas é quase caso para dizer que nem era preciso um debate...


PS: Ao que parece, a pressão da opinião pública e do novo senado Democrata levaram a que a Exxon deixasse de financiar algumas destas instituições e há até quem fale numa mudança de política ambiental por parte da administração norte americana, a anunciar em breve. A ver vamos.

sábado, janeiro 13, 2007

Geologia de Campo (II)

Encrave de calcário (branco e cinzento) no maciço ígneo de Sintra (castanho alaranjado). Praia da Ursa, Sintra.

Mais um ano, mais uma ilha


O mais recente pedaço de terra firme do Pacífico Sul é a ilha de Home, no arquipélago de Tonga.
Inicialmente apenas detectada através de anomalias na temperatura da água do mar naquela região, passou rapidamente a manifestar a sua presença de forma mais vigorosa,com a emissão de "jangadas" de pedra pomes que invadiram as praias paradisíacas da região e a construção de um pequeno cone.




Em Dezembro de 2006 já só restava uma pequena parte do edifício formado desde o início da erupção, em Agosto do mesmo ano. Resta agora saber se 2007 verá o fim sempre anunciado de mais uma ilha vulcânica ou pelo contrário o nascer de um futuro paraíso tropical. Tenho a certeza que o mercado imobiliário já tem planos para este diminuto e jovem pedaço de terra, é uma pena que por enquanto ainda cheire tanto a enxofre.

Mais informações.



sexta-feira, janeiro 12, 2007

Geologia de Campo (I)


Achei por bem inaugurar por aqui uma série de posts com fotos nossas tiradas no campo, onde quer quer ele seja .
Segue uma imagem dos Mallos de Riglos, o que resta de um leque aluvial resultante da erosão da cadeia Pirenaica, muito apreciados por geologos, alpinistas e abutres.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

A Matemática das coisas (Pavilhão do Conhecimento)

Sabia que passear pelas calçadas de Lisboa pode ajudá-lo a aprender Geometria? Terá a Matemática alguma coisa que ver com incêndios, previsões meteorológicas e combate ao crime? E será que a Matemática nos pode fazer ganhar uma partida de basquetebol?

O ciclo de colóquios "A Matemática das Coisas" está de volta ao Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva. Nos próximos meses, juntaremos matemáticos a engenheiros, treinadores desportivos e elementos da PSP e da Protecção Civil para lhe mostrar como a Matemática está presente no nosso dia-a-dia.

Esta iniciativa, inserida nas "Tardes da Matemática", resulta de uma parceria iniciada em 2001 entre o Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva e a Sociedade Portuguesa de Matemática.

A primeira sessão acontece já no próximo sábado, dia 13, às 15h30, no auditório do Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva. Tal como em anos anteriores, a entrada é gratuita.

Ana Cannas da Silva, do Instituto Superior Técnico, e Luísa Dornellas, da Câmara Municipal de Lisboa, apresentarão os padrões utilizados pelos calceteiros e explicarão as simetrias que existem nas calçadas da cidade de Lisboa. E tudo isto à luz da Matemática viva!

O debate será alargado ao público e verá como é fácil conversar sobre Matemática.


Consulte o programa completo em www.pavconhecimento.pt

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Uma visão do futuro

Robert May, da Universidade de Oxford e presidente da Royal Society: "A taxa de extinção da espécies acelerou durante os últimos cem anos, para atingir um valor aproximadamente igual a mil vezes o que se verificava antes do surgimento da espécie humana na Terra.

E. O. Wilson, da Universidade de Harvard: "Estima-se que hoje são eliminadas, por decénio, 1% a 10% das espécies, ou seja cerca de 27000 cada ano." Mais de 500 espécies por semana e 72 por dia.

Michael Novacek, do Museu de História Natural, em Nova Iorque: Não é irrealista prever que teremos eliminado metade de todas as espécies vivas a meio do século XXI". Já não falta assim tanto tempo!!!

Em 1998, um inquérito efectuado entre os biólogos mostrou que 70% deles crêem estar em curso uma extinção maciça das espécies e um terço pensa que se perderão de 10% a 5o% das espécies nos próximos trinta anos.

Há uns dias vi na televisão que a pesca por arrastão arrasou até hoje uma área do fundo do mar equivalente á área da Russia, destruindo os ecossistemas aí existentes.


É incrível como o nosso futuro está constantemente a ser mostrado na televisão, normalmente no canal 2, a maioria das pessoas nem vê. E por vezes quando vemos dificilmente conseguimos processar a informação e tomar consciencia do que realmente nos vai acontecer daqui a poucos anos.

Hoje ouvi nas noticias na rádio: A UE quer reduzir em 20% a emissão de gases de efeito de estufa até 2050. Para que a temperatura média não aumente mais de 2º.
As consequencias de um aumento de 2% é brutal!!! Isto pode corresponder a aumentos de 8 a 10º nas áreas de climas mais extremos. Passamos a ter o Saara no Alentejo e os gelos da Gronelândia derretem. E não vai ser daqui 100 anos, pode ser em muito menos. As consequências são completamente desconhecias. Mas não vai ser um cenário bonito de se ver. ´

Tambem vi na TV que viver em algumas cidades na India equivale a fumar dois maços e meio de tabaco.... só de respirar!!!

É melhor começarmos a pensar profundamente o que queremos fazer do nosso planeta..

O problemas não é apenas um, são muitos: CO2, Poluição dos mares, extinção das espécies..

Para não esquecer...a Verdade

terça-feira, janeiro 09, 2007

João Magueijo dá palestra em Lisboa sobre as leis da Física

João Magueijo, físico que se tornou mundialmente conhecido quando em 2003 publicou o livro “Mais Rápido que a Luz”, dá uma palestra na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa sobre as leis da física a próxima 5ª feira, dia 11. Nesta palestra, intitulada "A Física da Inconstância", o cientista português que contestou a Teoria da Relatividade discute a possibilidade de as leis da Física evoluírem no tempo, contrariando a ideia de que são eternas.

Em particular João Magueijo irá debruçar-se sobre teorias de "constantes variáveis", as suas implicações para a cosmologia e teorias de gravidade quântica, e finalmente a sua viabilidade observacional.

João Magueijo é licenciado pelo Departamento de Física da FCUL, doutorado em Física Teórica pela Universidade de Cambridge e é professor nesta área no Imperial College de Londres. Em 2003 abalou o mundo científico quando publica o livro “Mais Rápido que a Luz” onde contesta a Teria da Relatividade de Albert Einstein.

Considerado como um físico genial por uns, contestado por outros, Magueijo é um forte crítico do modo como a ciência é feita e avaliada na comunidade científica.
Dia 11 de Janeiro às 17h00, no anfiteatro do edifício C3 (Sala 3.2.14), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Feito o mapa mais detalhado da matéria invisível no Universo

Tal como o corpo humano, o Universo tem um esqueleto que não está à vista. É feito de uma matéria invisível, a que apropriadamente chamaram matéria escura.

Enquanto os ossos humanos podem ficar expostos em qualquer radiografia, os telescópios mais poderosos não conseguem ver directamente os ossos do cosmos. No entanto, os cientistas estão a contornar essa dificuldade e a fazer mapas da matéria que não se vê: os mais pormenorizados foram revelados ontem, na edição "on-line" da revista "Nature".

Os cientistas já não duvidam de que a matéria escura existe, apesar de não emitir nem reflectir a luz. Sabem que está lá pelos efeitos gravitacionais que causa na matéria que vemos - afecta a rotação das galáxias e distorce a luz que emitem.

Utilizando o telescópio espacial Hubble, a equipa de Richard Massey (do Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos) começou por medir a forma de 500 mil galáxias distantes. Depois, os cientistas usaram a distorção na luz emitida por elas, causada tanto pela matéria visível como pela invisível, para elaborar mapas da distribuição da matéria escura entre essas galáxias e a Terra, numa grande área do céu (o equivalente a oito vezes o tamanho ocupado pela Lua Cheia).

"Se um fotão vem de uma dessas galáxias e atravessa essa rede de matéria escura, a sua trajectória é distorcida. Tem uma trajectória às ondinhas, ligeiramente irregular", explica Domingos Barbosa, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. O cosmólogo português acrescenta que, em galáxias distantes, como as que foram observadas, é mais difícil detectar o efeito de distorções da luz pela matéria do que em exames de galáxias.

Mesmo assim, o resultado foi o atlas mais detalhado dos ossos do Universo, e não só. "Conseguiram também reconstituir a distribuição da matéria escura em três dimensões entre nós e essas galáxias, no campo do céu que observaram. E é a primeira vez que se faz isso", comenta.

Há uma razão para se dizer que a matéria escura é o esqueleto do Universo, e não é só porque não está à vista. Oitenta por cento da matéria é escura, distribuída pelo Universo em enormes filamentos. E são eles que agregam a matéria visível, ou bariónica, como os físicos chamam à matéria normal.

"Descobriram que a matéria invisível está agrupada em enormes filamentos e em bolas, mais ou menos conectados com outras regiões com matéria escura e bariónica. A matéria escura funciona como um esqueleto gravitacional, para onde a matéria bariónica acaba por ser atraída", explica Domingos Barbosa. "É um esqueleto invisível, à volta do qual a matéria normal vai cair e formar essa carne de estrelas e galáxias."

Assim, o trabalho da equipa de Richard Massey permite compreender melhor como a matéria está ordenada pelo Universo, sublinha o investigador português.

Mas ninguém sabe de que é feita a matéria escura, que terá surgido pouco depois do Big Bang, o fenómeno que criou, há 13.700 milhões de anos, o Universo que conhecemos. Aliás, os mapas apresentados pela equipa de Richard Massey mostram a distribuição da matéria até à altura em que o Universo tinha metade da idade actual. A escola de pensamento dominante defende que a matéria escura é exótica, logo totalmente diferente da matéria vulgar. "O mais plausível - diz também Domingos Barbosa - é que seja feita de uma partícula exótica."

Teresa Firmino, in Publico 8-1-2007

sábado, janeiro 06, 2007

Valores da Ciência

A ciência pode ser vista como a investigação racional ou estudo da natureza, direccionado à descoberta da verdade. O cientista será aquele que faz desta a sua actividade profissional. No entanto, a ciência pode ser também encarada como um modo de vida ou como uma base de ensino para as gerações futuras. Viver segundo os valores da ciência é viver de forma racional, procurando sempre o caminho da verdade e a compreensão da realidade, fugindo ao mundo das crenças e à autoridade. A ciência tem regras, mas pressupões acima de tudo um pensamento livre. Eis alguns dos valores básicos inerentes a um espírito científico:

• Espírito crítico: valorização das provas e da argumentação, distinguindo-as cuidadosamente da
tradição e da autoridade.

• Valorização do estudo cuidadoso, informado, imparcial e objectivo, distinguindo-o da opinião
avulsa, desinformada, parcial e aleatória.

• Honestidade intelectual.

• Aceitação das regras da discussão racional de ideias.

• Amor pela verdade e pela precisão.

• Curiosidade intelectual.

• Criatividade.

O princípio da precaução

O princípio da precaução foi definido pela ONU em 1994 e enuncia-se assim:

"Quando há risco de perturbações graves irreversíveis, a ausência de certezas cientificas absolutas não pode servir de pretexto para diferir a adopção de medidas."

Este princípio permite que sejam tomadas medidas em relação a certos fenómenos, como é o caso das alterações climáticas, sem ser preciso esperar pelas provas completas e irrefutáveis da existência de um perigo eminente.

"No entanto, o cientista tem o dever de julgar com espírito crítico a extensão das ameaças actuais e apresentar com a maior prudência os resultados , bem como os elementos de prova." (Hubert Reeves (2006) - A Agonia da Terra, Ciência Aberta, Gradiva, nº155)

quinta-feira, janeiro 04, 2007

um pensamento

Os piores cenários dos fenómenos de alteração climática são hoje uma realidade. É caso para dizer que a geração rasca passou agora a ser uma geração à rasca.

Afinal, pode mesmo haver lagos de metano líquido em Titã

A primeira aproximação da sonda Cassini à lua Titã, em Outubro de 2004, lançou um balde de água fria na Terra. Não havia sinais dos famosos lagos de metano ou do oceano global que toda a gente especulava existirem na maior lua de Saturno. Mas novas observações, em Julho de 2006, acabaram por descobrir lagos no hemisfério norte de Titã, anuncia-se hoje na revista Nature.


Os lagos não são de água, como na Terra. São de metano, o segundo elemento mais abundante na atmosfera de Titã e uma das poucas moléculas que pode ser líquida à superfície de Titã, onde a temperatura é de 180 graus Celsius negativos.

À primeira vista, parece não haver semelhanças entre a Terra e Titã. Mas há. A atmosfera primitiva da Terra terá sido como a de Titã, onde o azoto é o principal elemento, como ainda é no nosso planeta. E ambas possuem um ciclo "hidrológico"; o da Terra é com água e o de Titã com metano.

O grande mistério é saber de onde vem o metano que continua a reabastecer a atmosfera de Titã, ao ponto de originar brumas tão densas que pouco deixam ver da sua superfície a quem esteja na Terra.

Confrontaram-se duas hipóteses. Ou vem de uma fonte à superfície, como um oceano ou lagos. Ou do subsolo, através de vulcões de gelo ou de fracturas causadas por meteoritos. Caso contrário, ao longo dos 4500 milhões de anos de existência de Titã, já o metano teria sido tudo todo destruído e agora não haveria nenhum na atmosfera. Nem etano, resultante da destruição pela luz solar do metano.

Quando o módulo europeu Huygens (levado até ao sistema de Saturno pela Cassini, dos EUA) atravessou a atmosfera de Titã e pousou na sua superfície, em Janeiro de 2005, a paisagem circundante mostrava sinais de um ciclo de metano. Viam-se uma linha de costa e canais sinuosos.

Outros dados desta missão trouxeram mais revelações: está quase sempre a chuviscar metano durante metade do ano em Titã (que dura 29,5 anos terrestres), há nuvens em ambos os hemisférios e pode cair neve de etano nos pólos.

Mas o oceano ou os lagos de metano não apareceram, o que punha de lado a hipótese mais popular e a que mais aproximava Titã da Terra. Portanto, o metano viria do interior da lua, como sugeria a primeira aproximação da Cassini a Titã, quando ficou a 1174 quilómetros da superfície, ainda antes da travessia da Huygens .

Agora, a equipa de Ellen Stofan, da University College de Londres, volta a baralhar tudo, com base nas observações de radar da Cassini em 22 de Julho de 2006. É caso para abrir a garrafa de champanhe, diz Christophe Sotin, da Universidade de Nantes (França), num comentário, também na Nature.

Viram-se mais de 75 manchas escuras, entre os três e os 70 quilómetros, numa região onde se espera que o metano e o etano líquidos sejam abundantes e estáveis à superfície. "É a primeira prova definitiva da presença de lagos na superfície de Titã", escreve a equipa.

Algumas manchas estão associadas a canais, o que leva a equipa a dizer que as imagens obtidas mostram lagos. Outras são redondinhas, como se fossem crateras de meteoritos ou caldeiras vulcânicas com líquido. "Alguns lagos não enchem por completo a depressão, e aparentemente há depressões secas. A interpretação que fazemos é que há lagos num em vários estados, incluindo parcialmente secos e repletos de líquido", explica a equipa.

"Manchas escuras como estas são características de superfícies lisas. Infere-se a sua natureza líquida pela presença dos canais que conduzem até elas, o que parece indicar que os rios fornecem pelo menos parte do líquido", explica também Sotin no comentário. "Embora não se possa determinar a composição do líquido pelas observações por radar, o metano é o único candidato plausível: é das poucas moléculas que pode ser líquida com as condições existentes na superfície de Titã."

Os lagos encontraram-se só no hemisfério norte (em latitudes elevadas), onde agora é Inverno e o Verão chegará daqui a 13 anos. Para Sotin, esse facto pode indicar que os lagos aumentam no Inverno de Titã e encolhem no Verão, com a evaporação. Para a semana (dia 13), a Cassini aproximar-se-á de novo a Titã. Que outras surpresas trará no Ano Novo?

Teresa Firmino, in publico 04.01.2007

Dinastia Tang e Civilização Maia terão sido vítimas de uma alteração climática

O declínio da dinastia Tang (618-906), uma das mais importantes da história da China, e da Civilização Maia, na América Central, poderá residir em alterações nas monções na Ásia, revela um estudo internacional publicado na revista “Nature” amanhã nas bancas.

A investigação foi coordenada por Gerald Haug, do Centro de Investigação sobre a Terra (GeoforschungsZentrum), em Potsdam (Alemanha).

Os cientistas avançam que o declínio destas duas grandes culturas coincide com modificações do ciclo climático entre o ano 700 e o ano 900 da nossa Era.

A seca provocada por alterações no regime das chuvas, com a catastrófica redução das colheitas agrícolas, e um empobrecimento quase geral, poderão explicar as profundas tensões que levaram ao desaparecimento daquelas sociedades.

Os investigadores baseiam a sua conclusão na análise de sedimentos do lago Huguang Maar, no Sudeste da China. As propriedades magnéticas e o seu teor em titânio, explicam, fornecem indicações sobre a intensidade das monções na Ásia oriental. Estes ventos periódicos sopram no Inverno para o mar (monção seca) e no Verão para a Terra (monção húmida).

Gerald Haug e os seus colegas chineses e norte-americanos constataram que, ao longo dos últimos 16 mil anos, existiram três períodos onde a monção de Inverno foi forte e o clima seco na China, nomeadamente aquando do declínio da dinastia Tang, célebre pelas suas artes e trocas comerciais com a Índia e o Médio Oriente.

Aos olhos dos investigadores, as variações na cintura de chuvas tropicais poderão ter sido globais e explicar assim, ainda que parcialmente, o fim da era clássica Maia (250-900) no actual México e na Guatemala. Conhecida pelas suas cidades-Estado, a sua escrita hieroglífica, as suas artes decorativas, o seu calendário solar de 365 dias e as pirâmides, esta grande civilização desapareceu bruscamente.

in Publico, 3-1-2007

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Erosão Costeira...Porque será?

Chegam-nos notícias, cada vez mais frequentes, da erosão da praia de S. João da Caparica. Muitos pensam no "e agora?", aqui pensamos no "Porquê?".




No mundo natural tudo está em equilíbrio, ou procura esse equilíbrio. É a maneira que a Natureza tem de "simplificar" os seus processos.
Na zona costeira é isso que acontece. Pelo "trabalho" das marés, das ondas e do vento, os sedimentos (areias) são transportados para o mar ou para a costa, consoante o estado de equilíbrio das forças. Nem com as habituias marés vivas, os sedimentos se "perdem" de vez, porque, por uma questão de equilíbrio, o sedimento que foi "retirado" à costa é devolvido em fases mais calmas. Uma peça importante nisto tudo, é a existência de...sedimentos, pois claro.

Tem-se falado nas consequências, ou seja, como vamos ser "prejudicados". Pouco sobre as causas. O que ouvi era suficiente para gerar debates, para arregaçar as mangas a "pensar" em soluções de futuro, e não só para a costa da caparica.
De entre a ocupação urbana da zona costeira, à subida do nível do mar, há uma explicação que me parece mais "natural" de que todas as outras.

Porque será que a "primeira" praia da costa da caparica a sofrer esta erosão é a de S. João? Como disse anteriormente, uma peça importante para se estabelecer o equilíbrio, é o sedimento. Esse sedimento vem do rio Tejo, importante "fornecedor" dos mesmos, que, através das correntes se depositam junto à costa e entram no, agora já famoso, equilíbrio. Aliás, basta pensar nas zonas de praia ao longo da costa atlântica portuguesa para reparar que se situam em zonas de influência de rios importantes.

Está aqui, para mim, a verdadeira causa da erosão costeira no nosso país. A extracção de areias, a dragagem na foz dos rios (ambos sem controle e planeamento) e a acumulação de sedimentos nas barragens, estão a quebrar o ciclo que existe entre as forças das marés, das ondas e do vento. Não havendo sedimento a ser "reposto" na zona costeira, o mar vai "roubando" a areia cada vez mais para o interior, até às dunas, até deixar de haver dunas, até deixar de haver areia. Quando isto acontecer e porque na Natureza tudo se faz com equilíbrios, o mar vai começar a procurar a areia noutros locais. Eu digo...mais a sul, não sei porquê... Mais uma vez, os ciclos...As correntes, naquela zona, levam os sedimentos para sul, e é assim que vão sendo transportados de praia em praia.


Que venha mais um pontão para reter a areia, porque se não houver areia a ser transportada para ali...pouco importa.

revisto a 8 de Janeiro

terça-feira, janeiro 02, 2007

Endogamia

Portugal é o país europeu com maior índice de endogamia nas universidades, o que não constitui motivo de orgulho. Endogamia é a contratação de docentes da própria instituição em detrimento de candidatos externos, resultando num défice de mobilidade e, assim, da rede internacional de contactos cada vez mais relevante na actividade científica.

A endogamia é tida como um dos factores que aprofunda a distância em termos de produtividade entre as universidades europeias e americanas, em que este indicador é pelo menos 10 vezes inferior. Para solucionar a questão, multiplicam-se os programas de mobilidade que promovem a saída de investigadores dos seus países de origem, tentando mais tarde incentivar o seu regresso com programas de reintegração. As estratégias implementadas não são no entanto, de acordo com os dados disponíveis, suficientes para alterar o panorama português.

in ciencia hoje; 22-2-2006

Investigador alerta que 2007 poderá ser o ano mais quente de que há memória

O efeito de estufa e o fenómeno climatérico conhecido como El Niño poderão fazer de 2007 o ano mais quente desde que há registo, defende um especialista britânico da Universidade de East Anglia.

Segundo Phil Jones, director da Unidade de Investigação do Clima da Universidade de East Anglia, 2007 será um ano de condições climatéricas extremas, que poderão originar, por exemplo, secas na Indonésia e inundações na Califórnia.

Num artigo citado hoje no jornal britânico "The Independent", o professor alerta que o sobre-aquecimento global será agravado pela chegada do El Niño.

O fenómeno climatérico — causado pela subida das temperaturas médias do mar no Oceano Pacífico — "faz com que o mundo seja mais quente e exista uma tendência de maior calor que aumenta as temperaturas globais entre uma e duas décimas de grau centígrado por década", explica Jones.

O El Niño (que tem esta designação por se formar habitualmente na época do Natal e que ocorre entre cada dois a sete anos) poderá ter consequências dramáticas no continente americano, no Sudeste asiático e no Sul de África nos primeiros quatro meses de 2007, refere o artigo publicado no "The Independent".

in publico; 1/1/2007

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Roménia e Bulgária aderem à UE no primeiro dia de 2007

A União Europeia integra, a partir de amanhã, mais dois Estados-membros – a Bulgária e a Roménia –, passando a contar com quase 500 milhões de cidadãos. No mesmo dia, a Eslovénia torna-se o 13º país a aderir ao euro.


Para pensarmos todos....

Nivel de educação dos jovens (% da polulaçao entre os 20 e 24 anos que terminou o ensino secundario)
Bulgaria: 76,5
Romenia: 76
Portugal: 49
UE25: 77,5

Nivel de educaçao geral (% da populaçao entre os 25 e os 64 anos que terminou o ensino secundario)
Bulgaria: 72,5
Romenia: 73
Portugal: 26;5
UE25: 69,1

Robô britânico vai mergulhar na Antárctica para estudar relação entre glaciares e fundos marinhos

O primeiro robô submarino de controlo remoto britânico prepara-se para mergulhar a mais de seis quilómetros de profundidade nas águas da Antárctica. A primeira missão do Isis será estudar os efeitos dos glaciares nos fundos marinhos e descobrir que espécies vivem nessas águas.

A missão começa em Janeiro e terá uma duração de três semanas, informou hoje a BBC online. Depois desta expedição, o Isis será enviado para estudar o fundo do mar da costa portuguesa.

O Isis será transportado pelo navio da British Antarctic Survey, o “RSS James Clark Ross”, até à Baía Marguerite, no lado ocidental da Península antárctica.

Orçado em 6,7 milhões de euros, o submersível foi concebido no Centro nacional de Oceanografia de Southampton, em colaboração com o norte-americano Woods Hole Oceanographic Institution.

Isis mede 2,7 metros de comprimento, dois de altura e 1,5 de largura. Pesa cerca de três toneladas. Dez quilómetros de cabos ligam o veículo ao navio que o transporta, permitindo aos cientistas controlá-lo e receber os dados recolhidos em tempo real.

O robô leva consigo para o fundo do mar projectores, câmaras, sonares e dois braços robotizados para recolher amostras ou colocar instrumentos científicos no fundo do mar.

Já em Janeiro, o Isis vai investigar em detalhe os sedimentos que têm sido depositados ao longo de 20 mil anos no fundo oceânico da Baía Marguerite pelas placas de gelo que a cobrem. “A história ambiental da Antárctica está encerrada nestes sedimentos”, comentou Peter Mason, coordenador da investigação e director do Scott Polar Research Institute, na Universidade de Cambridge. O projecto vai ajudar os cientistas a compreender melhor a actividade dos glaciares no passado.

Paralelamente vai decorrer outro projecto para identificar as criaturas marinhas da Baía, este coordenado por Paul Tyler, do Centro nacional de Oceanografia de Southampton.

“Estou interessado nos efeitos dos glaciares no fundo marinho e como isso afecta a fauna. Quero saber de que forma a vida animal na Antárctica muda à medida que vamos mergulhando mais fundo”, disse Paul Tyler. Através do Isis, “podemos saber, por exemplo, por que razão umas criaturas vivem a maiores profundidades do que outras”.

in publico; 29-12-2006

Árctico: massa de gelo com 66 quilómetros quadrados desprende-se e forma nova ilha do Pólo Norte

Uma massa de gelo gigante com 66 quilómetros quadrados desprendeu-se há 16 meses da zona costeira da ilha de Ellesmere, no Árctico canadiano, e transformou-se numa nova ilha do Pólo Norte. Os cientistas apontam o dedo às alterações climáticas e ao sobre-aquecimento global.

Warwick Vincent, da Universidade de Laval, viajou até à nova ilha e confessa ter ficado espantado com o que viu.

“Isto é algo dramático e preocupante. Mostra que estamos a perder características únicas do Norte canadiano, que existem há muitas centenas de anos”, comentou Vincent. “Estamos a ultrapassar fronteiras climáticas e isto pode ser um sinal das alterações que ainda estão para vir”.

Esta massa de gelo era uma das seis maiores do Árctico canadiano, com gelo com mais de três mil anos, e flutuam no mar mas estão ligadas à terra.


Alterações climáticas estarão na base da nova ilha

Este fenómeno “é consistente com as alterações climáticas”, disse Vincent, lembrando que as restantes massas de gelo estão hoje 90 por cento mais pequenas do que quando foram descobertas, em 1906. “Ainda não conseguimos ter o cenário completo... mas temperaturas invulgarmente quentes tiveram, definitivamente, um papel determinante”.

Laurie Weir monitoriza as condições do gelo no Canadian Ice Service. No ano passado, quando passava em revista as imagens de satélite detectou que a massa de gelo Ayles se tinha quebrado e separado.

Weir contactou Luke Copland, da Universidade de Otava, que, utilizando imagens de satélite e informações sísmicas, chegou à conclusão de que a massa de gelo se desprendeu ao início da tarde de 13 de Agosto de 2005.

Copland ficou surpreendido com a rapidez com que as alterações climáticas afectaram as massas de gelo. “Ainda há dez anos, os cientistas assumiram que quando as alterações climáticas começassem a fazer-se sentir, isso aconteceria gradualmente. Esperávamos que as massas de gelo se iriam derretendo lentamente”, acrescentou.

A comunidade científica receia agora que, com as temperaturas mais quentes da Primavera, a nova ilha se desloque no mar e cause transtorno para os navios.

“Nos próximos anos, esta nova ilha de gelo poderá entrar em rotas de navegação comerciais”, alertou Weir.

in publico, 29-12-2006